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Comunidades religiosas reforçam seu compromisso com o bem comum em meio à pandemia
Ao longo da última semana, a Comunidade Bahá’í participou de espaços virtuais inter-religiosos que buscavam prestar homenagem às vítimas do coronavírus e aos profissionais de saúde, e refletir sobre o papel das religiões neste momento de crise social. Os eventos foram convocados pela CONIB (Confederação Israelita do Brasil) e pela Expo Religião, nos últimos dias 3 e 6 de maio respectivamente.
Além de oferecer palavras de conforto àqueles que perderam seus entes queridos e de admiração pelos profissionais de saúde, os representantes religiosos afirmaram o seu compromisso com o bem comum.
Os participantes destacaram a unidade e devoção que permearam os eventos, e estenderam esse espírito a toda sociedade. “Que todas as forças positivas só nos unam e que haja solidariedade e amor entre nós. Que todas as religiões em um ajô só, em uma união só, em uma fé em um sagrado só, abençoem a todas e todos”, declarou a Mãe Carmen de Oxum, representante do candomblé. Em sua oração, o Rabino Michel Schlesinger pediu “Ajude-nos, Deus, a ver que somos um único povo que habita um mesmo mundo. Faça-nos concluir unidos esta travessia coletiva.”

As falas dos convidados tornaram aparente que as diferentes tradições religiosas contribuem para o desenvolvimento de qualidades como coragem, tranquilidade e esperança. “A religião traz o suporte para o enfrentamento e para ter resiliência diante da dificuldade”, disse Dom Paulo Celso, bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro. A Dra. Hanadi, representante da comunidade muçulmana xiita, observou que “a fé alimenta a esperança e traz uma segurança maior (...) uma pessoa que tem fé não se revolta com a situação que lhe é acometida. Ela enxerga como uma oportunidade de Deus, uma chance de repensar seus passos e caminhos.”
A necessidade do cuidado e solidariedade, especialmente com os mais vulneráveis, também foi enfatizada. “Sejamos todos seres iluminados e despertos, (...) capazes de compaixão ilimitada” , convocou a Monja Coen, “Você está sendo solidário ou solidária com as questões do mundo? O que você tem a compartilhar?”.
A solidariedade é um valor comum às diversas tradições e está expressa em inúmeros exemplos na história religiosa. Para Fernando Lottenberg, presidente da CONIB, “é preciso cuidar de si com responsabilidade e do outro com solidariedade e generosidade”.
Nesse sentido, foi ressaltado o papel que a religião desempenha em nutrir a vida comunitária. Para o Pastor Marcos Ebeling, os Templos religiosos devem ser “espaços de acolhida, cuidado, paz, de palavra que consola e conforta. Que sejam o cuidado de quem não consegue cuidar-se sozinho.”

“A religião chega onde o poder público muitas vezes não chega e pode ajudar na assistência aos segmentos mais vulneráveis” afirmou o Dr. Feizi Milani, representante da Comunidade Bahá’í. Em muitas localidades, uma cultura de apoio mútuo e criatividade tem surgido a partir da consciência nutrida pelas comunidades religiosas para enfrentar os desafios que se apresentam - seja para conscientizar as populações sobre os requisitos de saúde pública ou atenuar as dificuldades econômicas.
Para além do momento de emergência atual, os convidados reconheceram a pandemia como um momento de se olhar para as vidas individuais e para a estrutura da sociedade e indicaram a necessidade de repensar os valores que devem guiar a sociedade no futuro.
“A crise”, afirmou o Dr. Feizi Milani, “indica a necessidade premente de repensarmos o funcionamento da sociedade. O vírus está revelando as mazelas sociais crônicas que se perpetuam na história da humanidade e a injustiça, com as quais a humanidade não pode prosperar”.
O evento promovido pela CONIB pode ser visto na íntegra aqui E uma notícia preparada pelo canal G1 aqui. O evento promovido pela Expo Religião pode ser visto na íntegra aqui .